Qual é o futuro da relação entre Brasil e Argentina? No Mix de Notícias dessa semana, mostramos os dados que contam essa história, além de novidades sobre a importação de café e muito mais. Vale conferir.
01 – Números revelam incerteza na relação comercial entre Brasil e Argentina
Os números recentes mostram um cenário preocupante. Em 2023, as exportações brasileiras para a Argentina cresceram 8,9%, atingindo US$ 16,612 bilhões. Contudo, nos primeiros quatro meses de 2024, houve uma queda de 29,9%, totalizando US$ 3,908 bilhões. Em contraste, as exportações argentinas, que haviam diminuído 8,4% em 2023, para US$ 11,998 bilhões, tiveram uma leve recuperação de 2,9% no mesmo período deste ano, alcançando US$ 3,948 bilhões.
A queda nas exportações brasileiras afetou negativamente o fluxo comercial, que é a soma das exportações e importações. No ano passado, o fluxo comercial teve um aumento modesto de 0,9%, mas nos primeiros quatro meses deste ano, caiu 16,5%, totalizando US$ 7,856 bilhões. Esta diminuição também alterou o saldo da balança comercial. Em 2023, o Brasil teve um superávit de US$ 4,715 bilhões no comércio bilateral com a Argentina. Entretanto, de janeiro a abril de 2024, a Argentina registrou um superávit de US$ 40,3 milhões.
A Argentina está passando por uma fase desafiadora e precisa de capital, mas enfrenta dificuldades em atrair investimentos devido aos seus inúmeros problemas econômicos. Tradicionalmente, o país depende de colheitas abundantes de soja e milho para enfrentar suas dificuldades econômicas e atrair capital produtivo para criar empregos e novos produtos. No momento, a Argentina está em um estado de austeridade, reduzindo gastos ao máximo.
A situação da Argentina é comparável à experiência do Brasil em 2000, quando um aumento nos preços e na produção de commodities gerou um superávit comercial significativo, permitindo ao Brasil quitar sua dívida externa. A Argentina precisará de colheitas abundantes para pagar sua dívida externa e reduzir sua dependência de financiamento internacional, enfrentando um cenário desafiador para estabilizar sua economia.
02 – Exportações de café conilon em alta
As exportações de café conilon no Brasil têm mostrado um crescimento impressionante neste ano, mas, segundo o diretor técnico do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Eduardo Heron do Carmo, isso não representa um risco de desabastecimento interno. A variedade de café conilon é usada principalmente na produção de café solúvel e em blends com café arábica.
Dados recentes do Cecafé revelam que, entre janeiro e abril deste ano, a exportação da variedade canéfora (robusta e conilon) alcançou 2,559 milhões de sacas, um aumento de 548% em comparação com o mesmo período do ano passado. Esse crescimento é impulsionado por uma redução na produção do Vietnã, principal produtor mundial de café robusta, devido à seca, levando o mercado a buscar o produto brasileiro. Além disso, o Brasil se destaca pela oferta abundante e preços competitivos, resultado de uma boa safra.
Apesar do aumento nas exportações, o Brasil está preparado para atender tanto à demanda interna quanto externa. O país é o segundo maior consumidor global de café, o que garante que a produção doméstica possa absorver eventuais flutuações no mercado internacional.
A safra de café do ciclo 2023/24 está em fase inicial de colheita no Brasil e, até o momento, tem apresentado grãos menores do que o esperado. Eduardo Carvalhaes, diretor do Escritório Carvalhaes, alerta que a média das peneiras pode ser menor que o padrão ideal, o que poderia representar um problema significativo se essa tendência se mantiver.
Além disso, um fenômeno atípico tem sido observado na variedade arábica, com apenas 10% da safra até agora apresentando grãos de peneiras maiores, algo incomum segundo Carvalhaes, que vem de uma família com longa tradição no setor cafeeiro. No entanto, ainda é cedo para determinar se os grãos desta safra serão de fato menores, com uma avaliação mais precisa esperada entre meados de junho e fim de julho, quando a colheita estiver mais avançada.
A expectativa de uma colheita adiantada do conilon, devido às condições climáticas, também não se concretizou, com a safra na Zona da Mata, importante região produtora, começando de forma lenta.
Embora as exportações de café conilon estejam em forte alta, o Brasil está bem posicionado para manter o abastecimento interno. A safra atual enfrenta desafios, como o tamanho dos grãos, mas a avaliação completa só será possível nos próximos meses. O mercado continua a ajustar-se às leis de oferta e demanda, com o Brasil mantendo sua posição de destaque tanto na produção quanto no consumo global de café.
03 – Comissão de Meio Ambiente debaterá PL sobre importação com regras ambientais
A Comissão de Meio Ambiente (CMA) realizará uma audiência pública nesta quarta-feira, 22 de maio, às 9h, para discutir o Projeto de Lei nº 2.088/2023, proposto pelo senador Zequinha Marinho (PL-PA). Este projeto visa impedir a importação de mercadorias de países cujos regulamentos ambientais sejam considerados menos exigentes que os do Brasil. A proposta adiciona dispositivos à Lei nº 12.187, de 2009, que estabelece a Política Nacional sobre Mudança do Clima, e torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis com os brasileiros para a importação de produtos.
A audiência foi requerida pela relatora do projeto, senadora Tereza Cristina (PP-MS), e pelos senadores Jayme Campos (União-MT) e Leila Barros (PDT-DF), presidente do colegiado. Se aprovado na CMA, o projeto seguirá para a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para decisão terminativa.
No requerimento para a audiência, a senadora Tereza Cristina destacou que muitos países concorrentes do Brasil não seguem as mesmas exigências ambientais, o que resulta em disparidades nos custos de produção e reduz a competitividade do Brasil no mercado internacional. A legislação brasileira impõe padrões ambientais mais rigorosos, por exemplo, na preservação de vegetação nativa em propriedades rurais, em comparação a outros países, incluindo os da Europa.
O Projeto de Lei nº 2.088/2023 restringe a importação de produtos de países que não cumprem os padrões ambientais brasileiros, especialmente em relação à proteção da vegetação nativa. Segundo o senador Zequinha Marinho, o objetivo é oferecer um “tratamento mais justo” aos produtos brasileiros no comércio global e proteger a competitividade dos setores do agronegócio nacional. Ele destacou a necessidade de uma atuação firme da Câmara de Comércio Exterior (Camex) para restabelecer o equilíbrio entre o comércio exterior e interno de produtos agrícolas brasileiros.