No cenário dinâmico do comércio exterior brasileiro, uma mudança de destaque chama atenção: entre janeiro e agosto de 2025, Manaus passou a liderar o ranking dos municípios que mais importaram no país. Segundo dados da plataforma Comex Stat, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a capital amazonense acumulou US$ 10,93 bilhões em importações — ultrapassando Itajaí (SC), que vinha ocupando o topo até então.
Esse fenômeno não se resume a um dado estatístico: aponta para transformações estruturais nos fluxos comerciais, nos incentivos regionais e nas cadeias produtivas nacionais. Neste artigo, vamos explorar os fatores por trás dessa liderança, os impactos para outras regiões e o que empresas interessadas em importação devem observar para navegar nesse novo panorama.
A força da Zona Franca e incentivos fiscais
Um dos pilares centrais da vantagem de Manaus é o modelo de Zona Franca, que concede benefícios tributários relevantes para empresas que operam naquela localidade. Esse regime atrai indústrias que dependem de insumos importados — bens intermediários, peças, componentes e bens de capital — criando demanda constante e volumosa. O ecossistema industrial local (eletroeletrônicos, motocicletas, bens de consumo) demanda esses insumos de fornecedores internacionais de forma contínua.
Esse arranjo combina escala industrial com demanda interna qualificada, o que amplia o volume de compras externas concentradas em Manaus.
Integração vertical e dependência de insumos importados
Boa parte da produção industrial que ocorre em Manaus não se limita ao produto final: várias etapas dependem de componentes e matérias-primas importadas. Conforme aponta especialista do setor, esse “ecossistema demandante” contribui para que o município acumule volumes tão expressivos de importações.
Nesse sentido, Manaus funciona como ponto neurálgico de acúmulo de valor agregado importado, com parte significativa do valor importado sendo insumos e bens de capital.
Comparativo com outros polos logísticos
Itajaí, por exemplo, continua ocupando posição de destaque no ranking, graças à sua localização portuária estratégica no litoral catarinense, sua rede logística eficiente e presença de empresas trading que usam o porto como porta de entrada para o Brasil. Apesar de não liderar neste período, Itajaí mantém uma vantagem competitiva ligada à logística e ao fluxo marítimo de produtos acabados.
Outros municípios destacados entre os maiores importadores (São Paulo, Petrópolis e Rio de Janeiro) se beneficiam de sua concentração econômica, diversificação industrial e infraestrutura de transporte.
O contexto nacional das importações em 2025
- Crescimento moderado, mas consistente
No acumulado de janeiro a agosto de 2025, o Brasil registrou um aumento de 6,9% nas importações, totalizando US$ 184,77 bilhões. Embora agosto tenha apresentado retração de 2,0%, segmentos como a Indústria Extrativa cresceram bastante (+26,5%), enquanto Indústria de Transformação teve recuo.
Esses dados indicam que, apesar de oscilações pontuais, o ambiente global e interno mantém uma demanda razoável por insumos externos — especialmente para segmentos menos sensíveis a variações cambiais ou de custo.
- Distribuição por estados: desafios e contrastes
No ranking estadual, São Paulo lidera com ampla folga (US$ 57,48 bi), seguida por Santa Catarina (US$ 22,48 bi), Rio de Janeiro (US$ 19,73 bi), Paraná (US$ 13,69 bi) e Minas Gerais (US$ 12,02 bi).
Curiosamente, o Amazonas, apesar do desempenho de Manaus, aparece apenas em 6º lugar com cerca de US$ 11,09 bilhões em importações estaduais. Isso revela que, embora Manaus seja um grande foco, o restante do estado tem participação mais modesta no comércio exterior — o que pode indicar concentração setorial ou espacial dos volumes.
Esse contraste evidencia que o protagonismo importador de Manaus não se extrapola automaticamente para todo o estado, mas é fruto de uma dinâmica municipal específica.
Implicações para empresas e regiões interessadas em importar
- Oportunidades de diversificação geográfica
Regiões que hoje não dominam o ranking podem se beneficiar ao antecipar movimentos: investir em infraestrutura logística, incentivar parques industriais que demandem insumos importados ou negociar regimes fiscais. Há espaço para polos emergentes se organizarem estrategicamente para atrair operações de importação.
- Gestão de cadeias internacionais
À medida que municípios como Manaus demandam volumes crescentes, fornecedores globais que desejam atuar no Brasil precisam entender bem a estrutura logística, os regimes aduaneiros especiais e as cadeias internas de distribuição. Saber antecipar gargalos — como transporte interno, tributos locais e logística de entrada — será diferencial competitivo.
- Monitoramento de políticas públicas e regimes especiais
Mudanças em incentivos fiscais, regras aduaneiras ou regimes específicos (como Zonas Francas) podem alterar significativamente o apetite por importações em certas localidades. Empresas importadoras devem acompanhar essas alterações com atenção e ter estratégias de mitigação.
- Parcerias estratégicas e especialização
Empresas de consultoria, desembaraço aduaneiro e logística avançada poderão ter papel crescente nesse cenário: quem souber oferecer expertise de ponta em regimes especiais, otimização fiscal e logística integrada terá mercado.
Considerações finais
A liderança de Manaus no ranking de importações municipais em 2025 reflete mais do que uma simples virada estatística: ela escancara como políticas regionais, incentivos fiscais bem desenhados e cadeias produtivas demandantes interagem para moldar a geografia do comércio exterior no Brasil.
Para empresas de todos os portes que desejam importar com eficiência, este é um momento propício para reavaliar estratégias logísticas, buscar regimes aduaneiros vantajosos e investir em conhecimento especializado.
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