Produtores, agroindústrias e tradings ganharam mais tempo para se adaptarem à nova legislação antidesmatamento da União Europeia, a chamada EUDR (Regulamento de Diligência Devida), que impõe regras mais rígidas para a exportação de produtos agrícolas. Diante de pressões de ambos os lados — exportadores e importadores —, a União Europeia decidiu postergar a implementação da lei por mais um ano, permitindo que as partes envolvidas se ajustem às novas exigências.
Oportunidade para refletir e agir
A prorrogação do prazo não deve ser vista apenas como um alívio temporário, mas como uma chance estratégica para os envolvidos avaliarem como essa nova legislação impacta seus negócios. A primeira reflexão que surge é sobre a própria natureza da EUDR. Embora seja vista por muitos como uma imposição externa, é importante lembrar que os europeus não estão tentando legislar sobre outros países, mas definindo as condições para aceitar determinados produtos dentro de suas fronteiras.
Para os exportadores brasileiros, o cumprimento das leis ambientais nacionais, como o Código Florestal, é uma obrigação. Atender às exigências da EUDR é uma escolha — uma oportunidade para acessar o mercado europeu e, potencialmente, outros mercados que possam adotar medidas semelhantes no futuro.
Boas práticas e rastreabilidade: mais que exigências
O que está em jogo vai além do cumprimento de uma legislação estrangeira. Boas práticas agrícolas e a implementação de sistemas de rastreabilidade oferecem benefícios internos significativos, como uma gestão mais eficiente nas propriedades rurais. Essas melhorias não são apenas uma resposta à demanda externa, mas podem se traduzir em ganhos diretos para o setor.
A União Europeia pode não ser o maior cliente do agronegócio brasileiro, mas é um mercado influente e exigente. As decisões tomadas hoje por esse bloco têm o potencial de moldar práticas globais, e outros países ou blocos comerciais podem seguir esse exemplo no futuro.
Ajustes à legislação e a dinâmica global
Nas últimas semanas, a União Europeia começou a detalhar melhor como as regras da EUDR serão implementadas, diferenciando as exigências de acordo com o porte das empresas exportadoras e considerando o risco ambiental de cada país. Essa flexibilização é um movimento positivo, mas ainda não devemos esperar grandes concessões. Afinal, como muitos apontam, a legislação europeia, ao impor restrições sem oferecer incentivos, atua mais como um mecanismo de proteção de mercado do que como uma ferramenta eficaz para reduzir o desmatamento global.
Um novo cenário para o agronegócio
O adiamento da EUDR traz um momento crucial de reflexão para o agronegócio brasileiro. Compreender essa dinâmica global e se preparar para atender às demandas de mercados exigentes, como o europeu, pode abrir novas oportunidades e fortalecer a imagem do Brasil como um produtor responsável no cenário internacional.