01 – Impacto das tarifas dos EUA no comércio marítimo
Em 4 de março de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, implementou uma tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio, abrangendo fornecedores-chave como Canadá, Brasil, México e Coreia do Sul. Essa medida visa proteger as indústrias domésticas dos EUA, mas pode desencadear uma guerra comercial multifacetada, perturbando fluxos globais de comércio e afetando significativamente o setor de transporte marítimo.
Com a iminência das tarifas, observou-se um aumento nas importações desses metais pelos EUA, enquanto empresas buscavam estocar materiais antes da nova taxação. Esse movimento temporário pode elevar as taxas de frete para navios que transportam esses produtos. Entretanto, após a implementação das tarifas, países como o Brasil, importante fornecedor de aço para os EUA via transporte marítimo, podem enfrentar uma queda acentuada nos embarques. Navios do tipo Supramax, responsáveis por dois terços do aço transportado para os EUA nos últimos anos, provavelmente serão os mais impactados.
Além disso, nações como Japão e Coreia do Sul, também grandes exportadores, deverão ajustar suas estratégias de envio em resposta às novas tarifas. Essa mudança pode alterar a demanda por tipos específicos de embarcações, especialmente aquelas utilizadas no transporte de metais. Com possíveis interrupções no comércio de aço, navios Supramax e Panamax podem enfrentar redução na demanda, levando a uma reorganização das rotas de transporte e da utilização das embarcações.
As repercussões dessas tarifas vão além das fronteiras dos EUA. A União Europeia, participante significativo do comércio transatlântico, expressou forte oposição às tarifas, classificando-as como injustificadas e contraproducentes. O bloco europeu já indicou que retaliará, potencialmente exacerbando as tensões comerciais e causando mais distúrbios nos fluxos de comércio marítimo global.
02 – Crescimento recorde de carros elétricos no Brasil em 2024
O mercado automotivo brasileiro registrou um marco histórico em 2024, com as importações de veículos elétricos atingindo quase US$ 1,6 bilhão, representando um aumento de 107,7% em relação ao ano anterior, segundo dados da Comex Stat. As vendas internas também acompanharam esse crescimento, totalizando 177.538 unidades comercializadas, um acréscimo de 89% em comparação a 2023, conforme relatório da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
Especialistas atribuem esse avanço a diversos fatores, incluindo a ampliação da oferta de modelos, entrada de novos fabricantes no mercado, redução nos preços dos veículos eletrificados em relação aos convencionais e maior conscientização dos consumidores sobre os benefícios ambientais e econômicos dos carros elétricos. Além disso, a infraestrutura de recarga no país quase triplicou em 2024, alcançando mais de 12 mil eletropostos em dezembro, proporcionando maior confiança aos usuários para adoção dessa tecnologia.
O especialista em comércio exterior e CEO da Tek Trade, Rogério Marin, destaca que, mesmo com o aumento do Imposto de Importação, os carros elétricos representaram mais de 40% do total de veículos importados no ano passado. Isso consolidou o Brasil como um mercado significativo, atraindo investimentos de grandes montadoras chinesas, como BYD e GWN, além da chegada de outras fabricantes, como Zeekr e Denza. Marin prevê que o mercado de mobilidade elétrica continuará em expansão em 2025, impulsionado pelo comportamento do consumidor brasileiro em busca de alternativas sustentáveis e econômicas.
A crescente conscientização ambiental também tem desempenhado um papel crucial na popularização dos carros elétricos no país. Estados como São Paulo lideraram as vendas em 2024, com 56.819 unidades emplacadas, seguidos por Brasília, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Além dos benefícios ambientais, os consumidores têm percebido vantagens econômicas, como custos menores de recarga em comparação aos combustíveis fósseis e manutenção reduzida, devido ao menor número de peças móveis nos veículos elétricos.
03 – Acordo Mercosul-UE: benefícios ampliados para Brasil e Portugal
Após 25 anos de negociações, o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE) foi oficialmente anunciado durante a cúpula do Mercosul em Montevidéu, Uruguai, em dezembro de 2024. O tratado visa estabelecer um mercado integrado com mais de 700 milhões de pessoas, reduzindo barreiras tarifárias e facilitando o fluxo de mercadorias e investimentos entre os blocos. Portugal teve um papel fundamental nas negociações, atuando como um elo estratégico entre o Brasil e a UE, promovendo o fortalecimento das relações comerciais bilaterais.
Setores como agronegócio, manufatura e tecnologia devem se beneficiar com a eliminação progressiva de tarifas de exportação. Para Portugal, o acordo representa uma ampliação do acesso a produtos agrícolas e industriais do Mercosul, favorecendo principalmente setores como vinhos, azeites e maquinário.
Estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) apontam que a implementação do tratado poderá aumentar o PIB brasileiro em até 1,2% nos próximos dez anos, impulsionado pelo crescimento das exportações e pela atração de investimentos estrangeiros diretos. Além disso, espera-se que empresas dos dois blocos intensifiquem parcerias comerciais e tecnológicas, criando um ambiente mais dinâmico para inovação e competitividade.
Apesar dos benefícios, o acordo ainda enfrenta desafios, como a necessidade de ratificação por todos os países envolvidos e questões ambientais levantadas por setores europeus. No entanto, a expectativa é que a parceria fortaleça laços históricos e econômicos entre Brasil e Portugal, promovendo um novo ciclo de crescimento para ambos os blocos.